“DUBLÊ DE RICO” : Rótulo ao pobre “de direita”

 Pobre "de direita"



Infelizmente, no Brasil de hoje, muitos trabalhadores de baixa renda se consideram liberais, apesar de não possuírem bens ou capital suficiente. Eles acreditam que um dia poderão adquirir propriedades ou montar pequenas ou médias empresas, e por isso são contrários aos direitos sociais. Sem se reconhecerem como parte da classe trabalhadora, eles aspiram a explorar essa mesma classe no futuro, visando ao lucro. Assim, tornam-se críticos ao Estado, pois temem que, ao alcançarem suas aspirações, o Estado lhes imponha limites. 

O trabalhador de direita de baixa renda é o produto mais sofisticado dos mecanismos de produção ideológica burguesa, criado para defender os interesses dos que possuem capital e propriedades e controlam o Estado. Esses burgueses evitam pagar impostos, obtêm subsídios e incentivos fiscais, lucram com a compra de títulos da dívida pública e dominam os meios de comunicação. Dessa forma, promovem a visão do mundo dos ricos como um ideal a ser protegido, mesmo que sua riqueza seja fruto da exploração, inclusive dos trabalhadores de direita. Esse trabalhador passa a vida sonhando em se tornar burguês, apesar de não possuir capital ou propriedade e de ser constantemente explorado pela mesma classe ao qual tanto defende. 

Algo muito significativo e importante que todos devemos compreender é que esse trabalhador é extremamente útil para a burguesia. Por não possuir capital ou propriedade, ele se torna o "cão de guarda" da classe que um dia aspira integrar. Ele vai às ruas defender o capitalismo e vê nos trabalhadores esclarecidos e organizados seus inimigos de classe. Além de atuar como um aspirante a burguês, o trabalhador de direita é um terreno fértil para o fascismo. Em tempos de crise capitalista, ele se comporta como um soldado de frente da burguesia, defendendo fervorosamente um governo de caráter fascista. 

O pobre de direita tenta refletir os valores que acredita serem próprios da burguesia, tornando-se machista, racista, homofóbico, entre outros. Ele adota os principais preconceitos que a burguesia criou e perpetuou como parte de seu sistema de dominação. Esses preconceitos são convenientes: o racismo permite pagar menos aos trabalhadores afrodescendentes e o machismo justifica os salários mais baixos das mulheres em comparação aos homens. Esse trabalhador nega sua origem social e aspira ser algo que não é, pois carece de consciência de classe. Para sustentar uma imagem diferente de seu verdadeiro poder de compra, ele se endivida, tentando parecer um burguês. 

Esses indivíduos são chamados de emergentes porque negam sua classe social ao adotar a aparência de burgueses. Esses indivíduos, como diz o ditado popular, "comem ovo e arrotam caviar". Eles falam alto para mostrar à burguesia que estão protegendo a propriedade dos ricos, enquanto dormem fora das mansões que sonham um dia possuir. Ao envelhecer, não terão emprego nem condições de pagar um plano de saúde. Precisarão de proteção social, mas passaram a vida defendendo a ideia de que bastava deixar a mão invisível do mercado agir e que, com o egoísmo maximizado, alcançaríamos o bem-estar coletivo, onde todos teriam a chance de se tornar ricos, bastando apenas seu esforço individual e sua capacidade de assumir riscos. O pobre de direita é um figurante de burguês que grita como um patrão em defesa da burguesia e se cala sobre sua própria exploração. 

Este texto reflete o que penso sobre os pobres que se identificam com a direita. Além das minhas próprias observações, pesquisei sobre o assunto para compreender a perspectiva dos intelectuais políticos, sejam eles imparciais ou de esquerda. Não me sinto feliz em escrever estas palavras, pois esses indivíduos são seres humanos pobres e explorados de diversas maneiras, especialmente em sua forma de pensar. 
Meu mentor já havia me alertado quando decidi seguir a carreira de Assistente Social, dizendo que eu enfrentaria muitas decepções. Achei que essas decepções seriam relacionadas ao sistema, com suas complexidades, falhas e boicotes. No entanto, foi muito pior do que imaginei, pois a maior decepção veio do próprio ser humano que eu escolhi defender.

Por: Ivanildo Miranda 

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